quarta-feira, 18 de março de 2009

#Terroristas#

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sexta-feira, 13 de março de 2009

Terroristas #3

É sempre difícil contar uma história… sobretudo quando é uma história verdadeira.

É difícil recordar a sequência dos acontecimentos porque eles aparecem sempre misturados com sentimentos difusos.
Gostava de contar uma história de Amor.
Gostava de falar de uma mulher que conheci.
Foi a 13 de Setembro de um ano qualquer. Não. Conheci-a antes. Conheci-a antes de a ver. O Amor nasceu nesse momento. E esse Amor contaminou-me e continua a contaminar-me… mesmo que os meus olhos só a vejam de olhos fechados. Fecho os olhos e por momentos recordo o sabor do iogurte de morango que ela me trazia de Abrantes. Nesse ano, estávamos separados. E eu só comia iogurte quando ela me vinha visitar. Recordo-me de me esconder atrás da porta para não me verem chorar. E repetidamente, ela tinha de partir e eu escondia-me atrás da porta. Chorava, culpava o meu pai pela ausência, sonhava com monstros e acordava aterrorizado. O medo era tal que todos os dias não conseguia acordar dos meus pesadelos para ir à casa de banho e acordava molhado de suor, mijo e vergonha. Afinal eu já tinha seis anos…
Um dia, o monstro tomou conta do corpo do homem que ela amava e quando o monstro o levou, ela não se escondeu atrás das portas com medo que a vissem chorar. Acreditou até ao fim que o monstro em que ela acreditava não lhe iria roubar o que ela mais amava. Mas os contos de fadas não acontecem na vida real.

Um dia, o monstro voltou e instalou-se com uma vontade feroz de derrubar a torre de Amor que esta mulher tinha dentro de si. Começou por colocar uma bomba perto do seu coração, e aos poucos foi disseminando pequenas bombas por todo o seu corpo. Ela tinha voltado a acreditar no monstro apesar da dor que ele lhe provocara. Pensava que o monstro tinha voltado para que ela voltasse a dar valor à vida. E durante muito tempo enganou o monstro e agarrou-se à vida…

Um dia, o monstro conseguiu destruir o Amor e eu quis matá-lo… Não o encontrei. Ele já estava morto.

Por alguma razão, acho que o monstro ressuscitará e entrará em mim para me destruir também, mas sei que terei dois monstros de amor a lutar contra ele, dentro e fora de mim…

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Avistei os Alemães pela primeira vez a 6 de Setembro, quando eles entraram na nossa cidade, Lodz.
Começaram então as perseguições. Os Judeus eram obrigados a usar uma pulseira com uma estrela de David. Os Alemães, não achando isso humilhante o suficiente, mandaram pregar nas costas uma estrela de David com a inscrição “juden” (judeu).
No bairro mais miserável, foi instituído o gueto, onde foram aglomerados cerca de 162 mil judeus. Só no primeiro ano, durante o Inverno rigoroso, com alimentação escassa, sem lenha, morreram mais de 20 mil pessoas.
Para os seus equipamentos bélicos, os alemães instalaram fábricas no gueto onde todos, desde os 12 aos 70 anos, eram obrigados a trabalhar.
Os que não podiam trabalhar eram enviados para um local que diziam situar-se na cidade mais próxima. Eram levados em camiões, e diziam-lhes que iam trabalhar para o campo.
Uma vez dentro do camião, as portas eram fechadas, os gases do camião eram canalizados para dentro. O trajecto até as valas comuns que durava cerca de dez minutos, era o tempo suficiente para que todos morressem asfixiados.
Em Auschwitz, os inaptos para o trabalho eram enviados para as câmaras de gás e cremados. Enquanto eram cremados, as gorduras eram extraídas para a fábrica de sabão ao lado.
Antes, as pessoas eram despojadas de todos os bens de valor –dentes de ouro, anéis, etc. As mulheres tinham os cabelos cortados. As cinzas eram enviadas à Alemanha para serem usadas como fertilizante.
Com a aproximação das forças Aliadas, fomos levados de um campo para outro. Na noite de 1 para 2 de Maio, a noite em que Hitler se suicidou, fui libertado pelos Americanos.
Pesava 28 kg. Tinha tuberculose, escorbuto e disenteria com sangue. Passei meses nos hospitais americanos.
Sou o único sobrevivente da minha família. O meu pai morreu de fome no gueto em 1942, e minha mãe foi enviada para a câmara de gás.

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E se o terrorista estiver em ti?
Numa história, seja ela qual for, há sempre duas versões...
E normalmente há sempre o mau, o vilão (o suposto terrorista), e a vítima.
Na minha história, e falando agora com alguma distância no tempo, chego à conclusão que, embora tivesse existido alguém que despoletou o “terror”, na verdade, o verdadeiro terrorista estava em mim.
E estava em mim, porquê?
Porque a dada altura permiti que o meu “eu” se escondesse lá no fundo do baú, bem escondidinho, e lá me esqueci dele. Da minha essência. De quem eu era, de quem eu queria ser, do que me dava prazer e alegria, dos meus objectivos de vida, das minhas ambições, dos meus sonhos. Ficou tudo guardado no baú.
E não há pior terror do que acordarmos um dia e percebermos que nos esquecemos de nós, que não somos felizes porque nos deixámos anular, absorver pelas vicissitudes da vida diária, e enquanto isto a vida passou por nós, e nós perguntamo-nos: “Onde é que eu fiquei? Onde é que me perdi?”; ou pior: “Quem sou eu? Em que é que me tornei?”.
Este foi o meu drama durante muito tempo, recuperar o tempo perdido, recuperar-me a mim, redescobrir-me.
Mais do que ser traída, mais do que a desilusão de ter perdido alguém que amava, mais do que sentir que a minha vida de repente tinha desmoronado em câmara lenta, sem que eu me tivesse apercebido disso, o que mais me aterrorizou, o que mais me doeu, é que olhando para trás eu não me reconhecia, eu tinha ficado sozinha, ou quase...

Quando o meu casamento acabou, fiquei de rastos. Não conseguia perceber muito bem como é que duas pessoas que se amaram tanto, que se davam tão bem… como é que o nosso amor tinha chegado ao fim... durante muito tempo, tive ódio àquela pessoa por quem o meu marido se apaixonou. Porque ela nos conhecia, porque nos tinha visitado em casa, e não obstante teve a coragem de lutar pelo amor do meu marido e acabou por ficar com ele. Hoje não lhe tenho ódio, nem raiva, nem nada. Bem, nada, não sei. Acho que o desprezo que sinto por ela também é um sentimento....
Por ele? Continuo a gostar dele, continua a ser o pai das minhas filhas e a ser uma boa pessoa. Acho que poderei ser amiga dele até morrer. Já não o amo. Já não estou apaixonada.
O meu “terrorista”, no fundo, devolveu-me a minha vida, porque na verdade, o verdadeiro terrorista estava em mim.

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Sinto-a… toco com a ponta dos meus dedos esguios, essa parede de vidro que só tu pareces não ver! Essa parede que eu toco cada vez que falas, que dás as respostas às perguntas que eu não sei se quero fazer… que me embrulhas num universo só teu, como se embrulhasses um rebuçado de que nem sabes o sabor.

Não me chegas… não chegas ao meu corpo… ao fundo de mim…
Sinto-o até nesse gesto de profunda entrega… em que não me entrego, e tu não vês… embrulhas-me num papel de rebuçado… numa imagem que nem sei se quero ter… mas que me sinto incapaz de desmascarar…

Assim, entre gemidos fingidos e orgulhos com medo de ferir… palavras não sentidas… sonhos não partilhados… sempre… sempre essa barreira…
E tu a sugares-me, a consumires-me como um rebuçado de que escolheste o sabor… e eu indecisa… quieta… a perguntar… e a sentir com a ponta dos meus dedos esguios… a imensa barreira que vai de mim a ti…
Sugaste-me como um rebuçado… quiseste dar todas as respostas… calaste todas as perguntas para as quais não tinhas resposta… e eu fiquei a calar… a perguntar-me perguntas que nem sabia se eram minhas…
Perdi-me de mim… estilhaço de uma bomba que não quiseste colocar… mas que ficou bem cá dentro… no meio deste papel de rebuçado… bem do lado de cá dessa parede que só tu pareces não ver.
E ficas… depois do adeus, ficas ainda nesse silêncio de sombra… com a esperança atrás de um véu…
E constróis castelos… e destróis os meus… defines, estruturas, organizas… como se o amor se pudesse organizar …
E eu assim… nesse silêncio de sombra… entre sonhos perdidos, e orgulhos com medo de ferir… um dejecto de mim… um traço oblíquo que ninguém pintou… um estilhaço… um estilhaço que quer partir…
As palavras já vão longe… não as sinto mais… levanto-me da cama com pressa de sentir, com pressa de ser feliz… e tu ainda aí... a puxar-me… a envolveres-me em papel de rebuçado… e eu incapaz de te dizer: não. Percebes? Preciso partir…
Creio que em qualquer história de amor é assim… envolvem-se as coisas em papéis de rebuçado, com bombas dentro… prestes a explodir…
Creio que em todas as histórias não há nem inocentes nem culpados… creio que nunca se percebe qual foi a bomba que explodiu, e quem detonou o gatilho que a fazia explodir… fica sempre esse gosto amargo de nem perceber o que era o gatilho…

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E Deus disse: “que a Terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes segundo as suas espécies. E assim aconteceu”.
E Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre todos os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela Terra”.
E Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus.
Ele criou-os, homem e mulher.
E assim os Céus e a Terra e todo o seu exército foram acabados

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Não sei quando aconteceu pela primeira vez.
Mas quando aconteceu já o esperava, era algo que via acontecer muitas vezes com a minha mãe e com os meus irmãos. Mesmo em criança, sabia que era uma questão de tempo.
A violência era uma constante do dia-a-dia, ou melhor do final de dia e do início de noite. Era a parte do dia que mais temia. Quando ele chegava a casa.
Quando demorava mais, era motivo de ainda maior preocupação… será que vem muito bêbedo? Será que vem "atravessado"? Queira Deus que não. Esse era o pior dos cenários.
Quando chamava alguém... e perguntava o que tinha feito durante a tarde… Péssimo! Isso queria dizer que não tínhamos dado comida aos animais… mas tínhamos… ou que não tínhamos deixado cheios de água os depósitos… mas eles estavam cheios... Mas estava tudo feito!!!

Engano! Estava, mas era tudo mal feito!

E só de ver aquele olhar semicerrado... a boca meio de lado... os dentes a ranger... só isso era suficiente para o choro começar, e não era um que chorava, éramos todos. A minha mãe vinha em nosso socorro, tentava acalmá-lo: “António, eles fizeram... eles cuidaram... eles não fizeram nada de mal...”
Era a primeira a levar murros e pontapés!
Sentia prazer em torturar!
Mandava um de nós ir buscar o “utensílio” com que nos iria marcar... MARCAR!
Podia ser um cinto, mas era a fivela que nos atingia.... também podia ser um arame dobrado várias vezes… deixaria por mais tempo a lembrança! Mais que uma vez utilizou uma corrente... batia, batia, sem dó piedade, infligindo dor e deixando marcas, por vezes jorrava sangue, só parando quando se sentia satisfeito, quando a raiva ficava saciada.

No outro dia de manhã, era como se nada tivesse acontecido.

Pai, alguém que nos gerou, que é suposto cuidar de nós... e sim senhor, cuidava que à hora da refeição nada ficasse no prato, nem que para tal o vomitado se misturasse à comida, às lágrimas e à aflição da minha mãe que nada podia fazer.

Muitas vezes lhe desejei a morte, quando alguém morria na aldeia, questionava-me porque tinha sido aquela pessoa, porque não o meu pai? Se havia Deus, porque o permitia? Odiava-o.
Os meus dois irmãos mais velhos sempre foram mais castigados, inclusive usavam de mais violência, como aquela vez em que um deles espetou uma forquilha na perna do outro... isso mesmo, a violência tomava conta de nós.
A violência provocou estragos muito para além do que se possa imaginar.
Muitas vezes achei que os meus irmãos deviam e podiam, se não acabar, pelo menos fazer com que a situação ficasse mais controlada... mas eles nunca o fizeram........

Fui eu que o fiz. Devia ter por volta de doze anos, a besta vinha para me bater por algo absolutamente banal, eu reagi, disse-lhe que se ele me batesse eu matava-o, se não fosse nesse dia seria no dia ou na semana seguinte, mas matava-o! Ele não esperava uma reacção destas, ficou perplexo, de olhos muito abertos, a mão fechada no ar... mas não me bateu, nunca mais me bateu.

Numa noite, são sempre as noites, de segunda-feira de Carnaval, estávamos no baile da aldeia, quando um tio nosso apareceu para nos levar para casa, a minha mãe que estava de cama, com uma suposta gripe, tinha ido de urgência para o hospital, morreu na ambulância que a transportava...

Onde quer que esteja e onde quer que seja o Inferno, ela passou-o neste mundo.

No dia que foi sepultada, no regresso do cemitério, a besta chorou.

Aos dezassete anos fui para a marinha, foi a forma que encontrei para fugir dali.

O relacionamento com o meu pai, que nunca tinha sido bom, acabou por ser praticamente inexistente, uma vez por ano, se tanto.

Há quatro anos, decidi que lhe perdoava… Um sábado à tarde, bati à porta, ele estava deitado, ficou espantado por me ver, sozinho, não levava a minha "cria". Estava muito intrigado, que fazia eu ali?

Quando lhe disse que estava ali para lhe perdoar tudo o que ele tinha feito, as lágrimas rolaram-lhe pela cara abaixo, disse que a vida não tinha sido fácil e que também não tinha sido assim tão grave...

Hoje em dia, ele está velho, praticamente cego, não sabe o que diz nem o que faz... Ignoro-o.

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Todos os dias vejo e presencio o terror nos olhos dos meus alunos. Todos os dias sou terrorista. Só dou conta no silêncio do meu dia que acaba no terror que infligi a quem comigo convive tantas horas. No rigor da minha profissão imponho regras, estabeleço limites, condeno comportamentos. Castigo, obrigo, lanço um pequeno temor. Há pouco tempo alguém respondeu assim ao meu pequeno regime terrorista:

“Estou cá em cima com um pouco de vergonha. No lanche percebi que nunca mais ia cometer este erro. Depois ainda estive a brincar com os meus amigos e quase ia chorando porque percebi o que fiz. Estou aqui e se não tivesse feito aquele disparate podia estar a divertir-me. Tenho um nervo que só pensa em brincar e fazer disparates, por isso peço desculpa pelo que fiz. Nunca mais volta a acontecer. Se voltar a acontecer é porque esse tal nervo está a andar às voltas e às cambalhotas. Desculpa!!!”

Lembro-me de o ter olhado e encontrado uma estranha bondade tantas vezes comprometida pelo terror de desiludir e outras pelo terror de não integrar. Vivemos todos entre estes dois terrores: desiludir ou integrar.
Não me acho terrorista mas isso sou eu a pensar dentro de mim… e ele?

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Sou enfermeira há mais de 18 anos e nunca presenciei tamanha dor como naquela manhã de Março. Esperava a minha irmã na estação de Atocha. Ia acompanhá-la a um exame na Faculdade.
De repente ouvi um enorme estrondo, fumo e um estranho cheiro a queimado.
Percebi que tinha havido um problema, pensei que num acidente entre comboios. Suspirei de alívio por saber que estava adiantada em relação ao horário de chegada da minha irmã e ofereci-me imediatamente para ajudar os feridos.
Não sabia o que me esperava. Alguns corpos eram reconhecíveis, outros não. As vítimas eram na sua maioria jovens…Ou pelo menos assim pareciam.
O que mais me impressionou foi que os telemóveis dos mortos não paravam de tocar.
Arrancámos os bancos vermelhos da estação para utilizá-los como camas. Havia restos humanos, sangue e fumo por todo o lado. Os bombeiros, quando chegaram, distribuíram luvas, e todos os que estavam no local acabaram por ajudar. Havia pedaços de corpos por todo o lado. Havia pessoas carbonizadas nos assentos das carruagens. Havia mortos e feridos espalhados pela estação, pessoas correndo de um lado para o outro, gritando com os rostos ensanguentados…
Entre os toques de telemóveis reconheci o meu. A 5.ª Sinfonia de Beethoven. Era a minha irmã. Atendi e do outro lado uma voz aflita perguntou: “Onde estás?”
“Em Atocha”, respondi, mas estou bem. Fez-se um silêncio e ela acabou por dizer: “Graças a Deus”.

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sábado, 10 de janeiro de 2009

Terroristas #2

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carlos afonso pereira
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Pode solicitar o catálogo Terroristas #2 por aqui.

domingo, 28 de dezembro de 2008

#montagem

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

vídeo #2

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Terroristas

Terroristas

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nan